BonjourNews💌Ainda encontro a fórmula do amor (no mkt digital)

Mar 11, 2024 2:09 pm

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Estava embaixo do chuveiro tomando o meu merecido banho, das deusas. Era uma sexta-feira e a missão da semana havia sido cumprida. O Inteligência Menstrual estava lançado. De repente, uma inundação. Nada físico, mas mental. Começo a cantar um hit da década de 80 “ainda encontro a fórmula do amor ôooooo". Repito 2x o refrão, finalizo...."no marketing digital”.

 

—   Ainda encontro a fórmula do amor no marketing digital?

 

Acabo em risos sozinha com aquele brainstorm sem, a princípio, fazer algum sentido. Começo a conectar “lé com cré”. Estava posto o tema dessa newsletter.

 

Confesso (e tenho confessado sempre algo aqui né?).

Quando decidi criar a minha empresa Inteligência Menstrual, hesitei em colocá-la na prateleira do tio Markinho, vulgo Instagram. Sempre gostei (e ainda gosto) dessa rede. Estou lá desde 2012. Mas sinto que, nos últimos tempos, tenho me identificado menos com ela. Como consumidora e como criadora.

 

Alcance. Como quando você corre corre corre para alcançar alguém, você entrega algo para essa pessoa, vira as costas e sai correndo; segue para o próximo, corre corre corre...próximo e próximo...É assim que eu visualizo as redes se estivéssemos todos no meio da rua. Muito corre. Médio alcance. Pouca interação. Baixa conexão. A gente chega até perder a noção da realidade nesse mundaréu de conversão de pessoas em números. E pensar nisso é desanimador. Afinal, se as redes sociais são reflexos da sociedade, acho que estamos em meio a uma crise. De valores. O ter é mais importante do que o ser. A quantidade é menos importante do que a qualidade.

 

Do marketing agressivo ao ostensivo.

 

Pessoas estão (se) vendendo como produtos. Dia desses, no meu

insta começou a pipocar diversos perfis de profissionais, em áreas diferentes, que vendiam infoprodutos. Tomei um susto quando me dei conta de que eu já nem sabia mais quem era quem. A esteticista brasileira, a professora inglesa, a nutricionista americana, a empreendedora francesa ou a coach espanhola. Todas. TODAS seguiam scripts muito semelhantes. Mesmo padrão de abordagem, mesmos gatilhos, mesmas frases de impacto, tom de voz, poses, edições, estilo. E o mais curioso, em culturas e idiomas diferentes. Será que de tão democráticas, as redes deixaram todos iguais?

 

Bio ostentação é a nova tendência.

 

Números chegam primeiro “+300 mil vidas transformadas +50 milhões no primeiro lançamento”. Já nem sei mais “o que é de verdade e o que é de mentira”, e realmente acho que boa parte é (cof cof) inflação de números, ego.

 

(sssshhhhh! você conta ou eu conto?)

Há muito, pessoas estão vendendo resultados que nunca tiveram. Enriquecendo vendendo cursos que ensinam a vender cursos. Se antes compartilhar lifestyle era uma ferramenta que ajudava a conectar pessoas, agora, ele é para muitos e muitas, A proposta de valor de seus negócios. Não é mais sobre “mostre quem você é”, mas “mostre o que você tem. Eis um grande potencial de “conversão”. Até o vocabulário é gurulístico: conversão. seguidores, alcance. milhares, milhares e milhares. Seriam as “seitas online”, o novo normal do marketing digital?                                                                                                                                                                                                                                   

Nadando contra a maré (desde 2018 haha).

 

Naquela época, começou a bombar o tal dos lançamentos 6 em 7...algo assim. Alguns outros na mesma linha vieram, com diferentes dígitos. Porém, com a diversidade do mais do mesmo, dava pra notar quem tinha investido um rim para se tornar pupilo e pupila dos tais gurus marketeiros. Réplicas. Muitos aplicavam as fórmulas ensinadas nesses treinamentos sem coerência às suas propostas de valores. Estranho. Eu sempre achei isso estranho. Por exemplo: vender bem-estar, fazendo um método enlouquecedor de lançamento? Incoerente, não?

 

Dá resultado? Para poucos sim. Para muitos é frustração. Para os gurus de marketing é ostentação. Lá do topo da pirâmide, fazem rios de dinheiro, ou seriam "rochas" (haha) de dinheiro?

 

Sei lá, as vezes parecia que só eu via. Mas eu via, e não aderia. Por outro lado, eu, como todas as empreendedoras e empreendedores que abrem suas tendas diariamente na feira do tio Markinho, buscam, claro, vender. Mas será mesmo que só existe esse marketing digital? Eu me questionava. E láaa em 2018, a única certeza que eu tinha era “não uso marketing agressivo no meu negócio". Ponto. Em contrapartida sabia que precisava encontrar um caminho para poder vender digitalmente. Como?

 

Foi então que batendo um papo com Érica Minchin querida empreendedora, há muito mais tempo do que eu na estrada do empreendedorismo compartilhei com ela a minha busca por um marketing digital com base, digamos, no amor e não na dor. Para a minha surpresa, a resposta veio (amém!). Obrigada Eriquinha!

 

Você conhece o livro “Love-Based Copywriting”? comentou a Érica.

 

Não! Conte-me mais...

 

E depois da nossa conversa mergulhei nas leituras de Michele, autora da obra. Ali, encontrei a possiblidade de criar copys (técnica de venda que usa a escrita

para se conectar com outras pessoas) com base no amor e não no sofrimento. Um dos mais importantes aprendizados também surgiu. Eu não gostava de pensar na “dor da cliente” para elaborar uma comunicação assertiva. Até que Michele escreveu algo que me fez virar a chave. Dor, todos temos, ela é inerente ao ser humano. Sofrimento é uma sensação, um mal-estar (que pode ou não ocorrer) causado pela dor.

 

Nesse sentido, o marketing agressivo trabalha com essa camada superficial, o mal-estar. O sofrimento. Portanto, estratégias usadas nesse último, são mais ou menos assim: fazer com que as pessoas se sintam o cocô do cavalo do bandido para que apertem, de forma impulsiva, o botão que as levará à “única solução” para tirá-las daquele sofrimento. Bingo! A venda acontece em massa. Dá pra entender o porquê esses métodos funcionam né? Quem gosta de sofrer? Só a ideia de pensar que se pode ficar livre de um sofrimento apertando apenas um botão, é tentadora, não é?

 

Impulso. É aqui que o marketing testosterona atua grande (sorry, preciso falar né gente...trabalho com ciclicidade feminina e faz uma falta danaaada um

equilíbrio de marketing progesterona haha). Bom, mas uma coisa é fato (e a

própria autora diz isso) copys com base no amor costumam demorar mais para ter resultados, vender.

 

O marketing “with love” é (a) moroso.

 

Sorry nada é perfeito hehe. Nem o “marketing with love”. E sabe, às vezes é preciso lembrar que o marketing digital é só uma das esferas dos nossos projetos, empresas. Ele não é o propósito em si (lembra da sensação do corre corre corre para alcançar alguém. Pra quê, afinal?). Quando a gente entende o que realmente faz sentido pra gente, com os nossos valores, fica mais fácil definir o próximo passo...O que entra ou não nesse ecossistema vivo (aaand cíclico) que são nossos negócios. Do match com clientes, ao match com fornecedoras, com parceiros; a gente dá o próximo passo ciente de que não precisamos fazer “o que todo mundo tá fazendo”. “Érika, minha filha, você não é igual a todo mundo”. É... vovó, mamãe, sempre me davam um chacoalhão quando eu queria copiar algo da amiguinha, só porque estava na moda.

 

No fundo o que elas me ensinaram foi: você não precisa calçar os tênis que não lhe cabem para “caber". É isso! Mas a gente quer caber, porque vivemos em grupos, comunidades, em redes. Uma dicotomia que se resolve quando a gente entende aquela máxima "pra caber você não precisa se apertar". Então...se me cabe, eu pego. Se não me cabe, não me aperto e deixo ir.

 

É por isso que eu, ainda, escolho estar nas redes. Quantas pessoas cabem aqui nesse “meu mundo” e quanto eu caibo no mundo de tantas pessoas. As redes me trouxeram e me trazem preciosidades imensuráveis, àquelas que nenhuma métrica é capaz de definir. Claro que, como você leu no início dessa news, eu tenho os meus altos e baixos nessa relação, mas toda relação é cíclica, não é? Pode ser que em dado momento esse não seja mais o meu caminho. Pode ser. Por hoje, ele ainda é. Por isso sigo, com amor, criando a minha própria fórmula.

 

❤️ com amor, Érika

 

ps: bateu saudade da década de 80? aumenta o som e vamos bailar

02 - Leo Jaime - A Fórmula do Amor | Sessão da Tarde - 1985 (youtube.com)

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